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terça-feira, outubro 04, 2005

Perceber as razões dos incêndios. Um contributo importante

No momento em que o drama dos incêndios florestais se tornou avassalador, ameaçando a sustentabilidade dos recursos naturais em todo o território nacional, propomos a leitura do testemunho do jornalista José Gomes Ferreira sobre o assunto.
Para reflectir e para agir.

As fotos são de Notimex, Estela Silva (Lusa) e Paulo Cunha (Lusa)













José Gomes Ferreira. Sub-Director de Informação da SIC

A indústria dos incêndios

A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.


Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas.


Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:

1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?
Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?
Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair?

Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?
Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?

2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...

3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.

4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.

5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.

Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime...Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal?
Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.
Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime.

Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:

1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.

2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).

3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores.

4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.

5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.

6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.

Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo.

José Gomes Ferreira

6 Comments:

At 4/10/05 5:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O que se passou na Figueira foi inadmissível. Deixaram o fogo propagar-se quase livremente. Apenas mais de 3 horas depois apareceu o primeiro avião de combate a incêndios e mesmo esse logo saiu de cena.
Acho que há mesmo intenção de queimar tudo para urbanizar e especular com esses terrenos. A qualidade de vida da Figueira vai baixando e parece que ninguém está minimamente preocupado com isso.

 
At 4/10/05 8:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Quando todos sabem e ninguém faz nada... isto já não é um país. É um "off-shore" no que à lei e à civilização dizem respeito.

 
At 4/10/05 11:36 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Quem falhou totalmente foi a equipa de Duarte Silva, a começar por Lídio Lopes. Aquela de trazer o centro de operações para o Parque de Campismo não lembra ao diabo, quando o fogo corria descontrolado para Buarcos e para a serra.. foi muita incompetência..

 
At 5/10/05 12:20 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A perda é muito grande! Perda de um espaço de convívio com a Natureza, de recordações da juventude, de um recurso turístico invejável. Agora só choro essa perda. Amanhã faço coro com os que pedirem contas à reflorestação inacabada e mal feita, aos meios ineficazes de combate ao incêndio, aos interesses imobiliários gulosos da encosta. Mas hoje só choro!

 
At 5/10/05 9:55 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O problema é que a nossa sociedade perdeu valores essenciais e muito dificilmente nos veremos livres do rumo que todo o país está a tomar.
Homens como o Alberto Rey já não existem mais. Não será já nos meus dias que voltarei a usufruir de um espaço de eleição como era a serra da Boa Viagem.

 
At 5/10/05 10:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mas, então, os responsáveis por estas catástrofes vão ficar de novo impunes? Que paz podre é esta? Vamos continuar a votar em gente que colabora com os interesses dos industriais dos incêndios?
Olhem bem para os candidatos que temos e descubram ali o descaramento de quem não tem vergonha na cara para aparecer frente a frente com os figueirenses.
Ninguém diz quem são eles?
Pois aqui fica o desafio. Venham de lá esses nomes.

 

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